28 de março de 2013

Nada Mudou

Imagem Patrice Murciano 


Nada mudou. 
Nunca te fiz promessas ou jurei algo que não podia cumprir 
Não menti a meu respeito para te conquistar 
Ou camuflei meus sentimentos com a intenção de enganar 
Não omiti minhas verdades para escondê-las de ti 
Nem criei esperanças com a intenção de prendê-lo a mim. 

Nada mudou. 
Não sou sua e hora nenhum escondi que não me permitiria rédias
Não o desejo como propriedade e não pretendo me entregar
Não peço mais do que queira me oferecer 
E não vou deixar que espere de mim mais do que estou disposta a dedicar 
Nunca supliquei suas declarações ou disse que teria o meu amor 
Mesmo com todas as minhas palavras, nada mudou. 


27 de março de 2013

Febre



Imagem Pino Daeni

Tem uma marca na cama
Dessa coisa salgada que eles chamam de suor 
E a pele arde feito brasa 
Enquanto dança em um ritmo descompassado 

Na boca um calor sufocante 
Sussurra um roço timbre de voz 
Que se mistura a sons estridentes 
Unindo-se as gotas desse mesmo suor. 

E o calor não acaba 
Vem e vai em uma constância desproporcional
E essa água salgada continua a escorrer
Impregnando na roupa que ainda resta
Embolando-se aos cabelos, refrescando-se.

Na pele um arrepio gélido insiste em brincar de zig-zag 
Fazendo voltas, distraindo a atenção 
Confundindo-se ao trinintar dos dentes 
Que se chocam em uma briga descompassada

E assim nesse zig-zag passam-se horas, 
Passa-se suor, Passa arrepio, 
Vêm horas, Vem arrepio, 
Retorna o suor.


Imagem Pino Daeni

25 de março de 2013

Canção da Saudade

Imagem Clemente Rollins Grant

Saudade já não fala, não grita, não chora; se consola
Saciedade faz morada e não pensa em ir embora
Mudei meu canto, pois todo canto tende a se calar
Fazendo meus pés se acostumarem ao frio silêncio

Entre esgueiras, outra toma os vértices das paredes
Entrando, por frestas frias e paralelas de minha janela
Agora não é só o frio que assola meu tempo
São também cores escuras vindas do céu

Não queria eu ter de escurecer
Não queria eu ter de esperar
Não queria eu não conhecer o amar

O que será de minhas mãos?
Agora que meus olhos já não podem ver?
Pois, a luz que me guiava, destoou na escuridão

Autor:  Hugo Codasi

23 de março de 2013

Passado Presente

Imagem do Google

O passado tem brincado comigo e trago lembranças
São memórias guardadas a sete chaves, coisas minhas
São ilusões mistas a realidades que apenas eu vivi.
É minha história contada do meu ponto de vista

Ultimamente tem me batido a porta 
Personagens que fazem parte do que sou hoje
E mesmo que a maioria deles não saibam
Apesar dos rumos diferentes, permaneceram sempre comigo.

E o ainda mais incrível, é a ironia com a qual isso tem acontecido.
Minha memória hoje falha, guarda detalhes adormecidos
Que até eu mesma desconhecia, mas por algum motivo
Meu coração conhece e sabe melhor do que eu imagino.

Parece passe de mágica e transporto-me de volta ao que fui
Àquela menina que nunca deixei de ser
Com todos os meus sonhos e medos, com minhas fantasias e pesadelos
Com meus contos de colégio, com a vida que criei na mente.

Talvez consequência de pouca amizade, não sei.
Ou ainda de muita recheada de pessoas extremamente especiais
Uma hora trombo com um na sapataria, outra numa rede social,
Não importa, a sensação é de uma vida imensurável. É de tempo.

Simplesmente inacreditável. A alegria que sinto é indescritível.
É minha estória, meu passado, detalhes que mapeei em minha mente
Como um caminho certo a seguir, seja a frente, ou para voltar atrás.
São a mim tão importantes quanto os que permaneceram. Quiça mais.

Se eu pudesse descrever a agitação do meu coração 
A cada 'pecinha' que ele encontra, perdido nesse mundo pequeno
Acredito que dariam a mim como louca outra vez
Mas não é loucura, é a sanidade na sua forma mais plena

Do contrário, por que traria ainda comigo essas memórias
Que o tempo ingrato, já deveria ter levado, se não para minha felicidade 
Seja ela sã, ousada, ou insana? Sim, a essa finalidade
Mesmo que em indiferença, ou recebida com a mesma entrega.

O que importa é sentir que estou viva, e que essa vida tem sentido.
Tem passado, presente e futuro, e eu pego-me aqui, no meio do caminho
Perdida entre lembranças e sonhos, na esperança que amanhece com o presente
Saudosa do passado e desejando ainda mais o futuro.

Futuro esse que seria completamente sem sentido se não fosse 
Esse quebra cabeça que construímos dia a dia
Que carregamos conosco, às vezes perdendo peças pelo caminho
Outras, às encontrando, mas sempre seguindo em frente...

Imagem Blog Vila Mulher

16 de março de 2013

Inerte

Imagem Harding Meyer
Procuro ver à frente
Mesmo de olhos abertos 
Não consigo enxergar as saídas.
O rancor cega-me.

Tudo parece cinza
Como um céu nublado
Anunciando que chegando
Vem a tempestade

Na pele um arrepio gélido
Estremece as emoções
São os pensamentos que na mente
Anunciam a confusão.

Medo percorre meu íntimo
Magoa pulsa nas veias
Dos olhos dilatam-se lembranças
Escapam sonhos das lágrimas

A confusão toma conta
Angústia. Desespero. 
Preciso fugir, sair de mim. 
Fico paralisada. Inerte,imóvel.

Já não tenho forças,
Chego a repudiar cada sonho.
Esquivando-me da vida 
Que tornou-se amarga.

Preciso sair. Acordar do pesadelo.
Falta-me coragem pra seguir
Excedem desejos contrários
Postergo as decisões. Exalto o fim.

Imagem Google

11 de março de 2013

Palavras Infiéis

Imagem - Google

Por que escrevo? 
O que tem em meus dedos, 
Ao deslizarem nessas páginas, 
Que meus lábios não sabem dizer? 

Enterradas nessas folhas 
Essas palavras sem emoção 
Procuram expressar o sentimento intenso 
Que nem meu coração sabe dizer 

Palavras vãs! 
Quem as entenderá? 
Quem irá sentir esse aperto que queima 
Ditar sem som tudo isso que quero gritar? 

Não as podem sentir! 
É força de mais pra ser contida 
Nessas linhas tênues 
Que desenham meu sofrer 

Nem as lágrimas que a interrompem 
Nem o soluço que quebra o silêncio 
Quem as pode ouvir? 
Sentir a fraqueza que toma conta? 

Essas linhas não são fieis 
Ao que procuro dizer, não podem. 
Calo meus lábios 
Porém não posso conter as palavras 

Assim elas deslizam outra vez sem respostas 
Cheias de dúvidas incuráveis
Absortas nesse mar de lágrimas 
Que não posso reprimir 

Para quem lê, apenas palavras insensíveis 
Finda-se a leitura, viram-se as páginas. 
A quem escreve, desabafo sem sentido 
Infiel ao sentir, alívio passageiro.

Imagem FotoFunia