29 de novembro de 2013

Fantoche

Imagem Alexandra Louie

Quando vejo esse sorriso, imagino um futuro
Mas essa imagem é alguém desligado de mim
Esse sorriso doce não traduz quem sou
A’legria estampada na face não condiz com o que trago no peito

E esses olhos quase fechados ao sorrir
Tentam esconder o monstro que minha mente conhece bem
Desafio as barreiras entre real e imaginário
Divido-me entre a imagem criada e quem realmente sou

Um fantoche nas minhas próprias mãos
Forço um sorriso. Omito algumas verdades
Afirmo pra mim o que parecem doces mentiras
Fecho os olhos e divido-me em duas

Uma estampa a face contra o meu desejo
Enfeita a outra que vive secreta
Encobre com ela o lado amargo das vistas
Enquanto essa sussurra o veneno oculto

Tampo os espelhos
Não quero ver essa desconhecida outra vez
Refletida na imagem que salta aos olhos
Onde posso me encontrar? A desconheço

Desvio o meu olhar. Te fito em mim
Entrego lhe minhas falsas verdades com olhos frios
Eles mentem comigo. Mentem pra mim.
Fujo.

Quem é essa ilusão que me aprisiona
Ou será eu a aprisionar?
No final quem vence esse duelo
Que torna insana a parte mais sã em mim?

Essa guerra cega que tortura em silêncio
Que castiga quem não merece
Que condena por si, que impõe regras,
Dita valores e escapa a todos eles.

Ouço condenações.
Elas se esquivam da memória nos segundos seguintes
Fecho os olhos, os desvio da imagem
Já não quero olhar para essa estranha que usurpa quem sou

Dentro d’alma, além da carne esquia
Há muito mais do que esses traços podem expressas
Defino-me em linhas que contam o lado que quero mostrar
Ainda assim não vês, não me enxergo.

Volto atrás em minhas palavras
No momento seguinte já não me pertencem mais
Encosto no canto. Fecho os olhos.
Sou outra, outra vez. Recomeço.


Imagem Morbid Truth




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